24.08.2020

Entre inumeras entrevistas a podcasts e rádios para divulgar seu mais novo single, Midnight Sky, Miley Cyrus também conversou com Pina da rádio Z103.5.

O MCBR traduziu a entrevista e você pode conferir logo abaixo.

Tradução: Lucas Gomes – Equipe MCBR

Pina: Miley Cyrus!
Miley Cyrus: Olá! Como você tá?
P: Estou ótima, e você?
MC: Estou muito bem, feliz por estar falando com você.
P: Também estou muito feliz em falar com você. Entrevistar pelo Zoom tem sido muito uma experiência nova para mim.
MC: Eu sei! Onde você tá agora? Eu estou em casa, mas criei esse ambiente para que eu pudesse me sentir menos… eu não gosto muito dessa novo jeito, sinto falta do escape de entretenimento da cultura pop e todas as coisas que são totalmente surreais, então tento trazer isso para cá.
P: Sim! Eu adoro, adorei a vibe.
MC: Muito obrigado!
P: Parece incrível.
MC: Estou vendo ‘Tim Hortons’.
P: ‘Tim Hortons’! Você tomou quando esteve em Toronto?
MC: Eu morei em Toronto por três anos e toda vez que era meu aniversário, se meu pai esquecesse, ele aparecia na escola com uma bolsa de ‘honey coolers’.
P: É sério?
MC: Na verdade, isso era perigoso para mim. Eu fui banida pela minha mãe porque eram demais para mim.
P: Sim…
MC: Era o segredinho do meu pai para nos incentivar a fazer as coisas para eles.
P: Você já comeu os ‘timbits’?
MC: Sou leal para o que eu gosto, se eu gostar de algo, quando eu gosto de algo… sou o tipo de pessoa que come as mesmas coisas de café da manhã diariamente, então prefiro o ‘honey’, e minha irmãzinha também.
P: Ah sim, é “Camp Day” no Tim Hortons hoje, então você compra um café e ajuda a mandar uma criança para o acampamento.
MC: Que incrível! Isso é muito legal.
P: Então, como você está? Como tem passado os últimos meses?
MC: Eu acho que todos nós passamos por isso como um momento de reajuste, para reavaliar. Sei que no início da quarentena as pessoas foram limpar suas casas e tentaram achar maneira de se manter ocupados, e depois que passamos dessa ideia física de “o que não nos serve mais?”, “o que não é nosso?”, acho que começamos a fazer isso em nós mesmos e é onde eu estive nos últimos meses. Acho que todo mundo que já tinha uma rotina intensa ficou meio que “como eu vou me manter distraído? é tanta informação para absorver”, mas aí depois que passei por essa ansiedade e medo, decidi tirar proveito desse momento e voltar um pouco no tempo, começando a reivindicar e dar um novo propósito a algumas coisas que estava arrastando.
P: Acho que foi uma maneira do universo nos fazer recomeçar e pensar no que é realmente importante, pois eu sei o quanto aprendi nos últimos meses, foi de abrir meus olhos.
MC: Acho que é difícil e as pessoas tem um pouco de sentimento de culpa, por pensar que precisava disso, pois muita gente está perdendo outras que elas amam, e é tão importante que nossos agentes de saúde estejam trabalhando demais para nós, tem tanto estresse acontecendo culturalmente e socialmente, então temos que ser agradecidos por todos que estão trabalhando incansavelmente. Estamos meio que começando a voltar para a nossa realidade, essas pessoas não estão. Ainda estão vivendo a experiência do Covid-19 todos os dias, então acho que devemos ser agradecidos a eles, mas também precisamos tentar fazer disso algo bom, tenho tentado muito olhar para tudo isso como um momento de benefícios para a minha vida, especialmente quando as coisas estão se movendo tão rápido, acho que a gente coleta as coisas, pega as coisas no meio do caminho. Sei que sou grudenta, quando as coisas acontecem, elas grudam em mim, não diria que sou uma pessoa que não deixa as coisas irem, porém, algumas vezes, eu nem sinto o peso, pois estou me movendo muito rápido. E aí ter a capacidade de decidir o que já não cabe mais a mim, o que eu posso passar como uma experiência para a minha irmãzinha, para mostrar tudo para ela e então me livrar daquilo já que o propósito já foi cumprido. Então é meio que revisar e me perguntar por que tenho arrastado isso e me sinto mais leve agora.
P: Isso é ótimo! E uma das coisas que eu notei que você fez foi que você tinha algo como se fosse um programa de TV ou um programa no Instagram.
MC: Viu, eu fui atrás de vocês! Eu estava sempre do outro lado da mesa.
P: Sim!
MC: Pensei “parece divertido”. Aceitei o interrogatório e me senti muito bem, gostei de tirar as coisas de todo mundo, eu já tinha experiência o bastante dos outros me entrevistando, então vi que eu sabia meio que fazer isso.
P: Se tivesse a oportunidade, você consideraria apresentar um programa de TV?
MC: Acho que foi muito legal ser a ouvinte, pois na maioria das vezes estou do outro lado, já que meu trabalho é falar e entreter e eu diria que meus amigos e família sabem que parte disso foi ser uma rainha da fofoca, querendo saber as verdades, mas também sou uma boa ouvinte, então acho que seria divertido fazer isso em algum momento. Talvez eu recrie a marca e não seja mais um “Talk Show”, seja um “Listening Show”.
P: É uma ótima ideia.
MC: Provavelmente, eu não seria muito bem sucedida se fosse comigo porque eu não conseguiria me fazer parar, mas talvez.
P: Isso é algo que eu amo sobre você, Miley, é que você está sempre sendo você mesma. Você é segura, você não se desculpa por quem você é e isso é ótimo. Como você chegou a esse ponto?
MC: Acho que, sobre não pedir desculpas, eu diria que aprendi que está tudo bem em pedir desculpas sobre as coisas que você sente que não fazem parte de você, mas pedir desculpas por coisas que te pertencem e são partes de quem você é, é aí que desenho uma linha de que é inaceitável para mim. Na verdade, acho que aprendi que sentir remorso, sentir que não sabia o que era melhor para mim ou não escolher as melhores palavras, ou algo que eu fiz e não estava pensando direito e foi prejudicial, isso eu posso me arrepender. Posso pedir desculpas dos meus erros, mas não sou uma dessas pessoas que dizem “desculpe, mas…”, e aí falam a mesma coisa novamente, sabe? Sabe essas pessoas que pedem desculpas antes de dizer algo, eu nunca entendi isso. Penso que isso, na realidade, se chama manipulação.
P: Sim, e fui culpada por isso também.
MC: Especialmente com mulheres, eu li muito sobre como educadamente não perguntar. Lá vai uma coisa que eu sou muito ruim: eu muito mal consigo fazer um pedido sozinha num restaurante. Eu não gosto da palavra “mandar”, não quero mandar ninguém a fazer nada. Eu tenho uma relação estranha com essa palavra, então, quando saímos para comer em família ou algo do tipo, eu digo “poderia, por favor, bebê”. Não! Está na droga do menu, só diz “eu quero”.
P: Sim.
MC: E muitas vezes, nas famílias, os homens, meu pai, por exemplo, nunca diz “Eu poderia”, ele diz “Eu quero uma carne”. Quando para mim e para minha mãe, é tipo “talvez, se você não se importar”, eu tipo “Não! Você quer isso também!”. Então acho que é desse jeito que nós meio que fomos programadas, a sermos exageradamente educadas. Alguém me disse isso uma vez, que eu estava sendo demais, ao ponto de deixar a outra pessoa desconfortável, e eu sou caipira, é assim que fazemos. Então, penso assim, especialmente sobre ser uma mulher nessa indústria, me pediram que eu pedisse muito. Eu pensei que se eu não falasse alto, eu não seria escutada, mas agora aprendi que isso não é verdade, você só precisa falar de um jeito que não seja um pedido, só estou falando, mas posso falar com calma e respeito, não preciso gritar.
P: É verdade, não precisa se sentir culpada por nada.
MC: Sim, a culpa é demais. Eu e meu pai estávamos falando bastante sobre culpa, sou muito culpada, mas digo para ele que não pode mudar isso, pois sempre o chamo fora de culpa. Não quero ligar para ele, na maioria das vezes, fico tipo: “quero muito consertar isso em mim, pois só estou te dizendo que me sinto culpada por cancelar”.
P: Preciso dizer que adorei o novo visual, é muito retrô.
MC: Muito obrigada, e também é muito fácil. Minha mãe é minha cabeleireira, acho que a mãe de muita gente virou cabeleireira.
P: Verdade.
MC: Você está encontrando novas maneiras de ser criativa, minha mãe, basicamente, pode cortar cabelo só de um jeito, que é um mullet, pois tem cortado o cabelo do meu pai…
P: Seu pai tinha um!
MC: Sim, exatamente. Minha mãe estava tipo “bem, eu tenho uma coisa no menu”, e eu aceitei.
P: Bem, quer saber? Ficou perfeito em você, funcionou.
MC: Muito obrigada! Acho que uma coisa que aparece muito bem, você precisa ter uma pele grossa para ter esse cabelo, pois do jeito que eu pareço sempre foi algo controverso e é algo que eu gosto muito sobre ter uma irmã nesse meio agora. Porque eu era meio solitário, ficava com meu pai e ninguém quer falar sobre problemas capilares com seu pai, mesmo que ninguém tenha mais problemas com o cabelo do que meu pai. Mas eu, agora tendo minha irmã para falar sobre isso, e saber que ela entende como é estar sempre em público, me sinto bem por ter essa companhia.
P: Incrível. Então vamos falar sobre música. Música nova! Estou muito animada.
MC: Sim! Estou super animada, tenho trabalhado duro em um álbum que não tem nada a ver com essa música, eu a escrevi há seis semanas atrás, essa é uma coisa boa desse tempo de quarentena, acho que todos nós temos nos conectado de maneiras diferentes, e nos aproveitando das plataformas que, talvez, não estivéssemos usando em seu potencial máximo antes, foi meio o que aconteceu quando comecei o talk show, e foi o que aconteceu com a musica. Eu escrevi, lançarei, e não só lançar mas dirigir, pois todos nós estamos tentando ser super criativos.
P: Então ‘Midnight Sky’, você a escreveu há seis semanas?
MC: Sim! O que é algo incrível sobre agora, não estamos fazendo cópias físicas de nada. Ninguém vai na loja de discos comprar nada, mas quando estamos falando sobre fazer cópias físicas, muitas vezes quando fazemos um novo trabalho, uns seis meses se passam antes entre o momento que você o sentiu e o momento que seu público está ouvindo, e você sempre se sente um pouco desconectada. Como eu e você estamos tendo essa conversa agora, e você pergunta o que estava na minha cabeça quando eu escrevi, e não posso lembrar e definitivamente não consigo me conectar a isso. Mas agora é tipo “ah, eu me lembro como se fosse ontem” e foi, foi ontem! E eu lancei online e é isso é ótimo!
P: E algumas partes da letra ficaram muito na minha cabeça, pois ouvi a música e amei. “Nasci para comandar, não pertenço a ninguém, não preciso ser amada por você”. Isso é uma declaração muito poderosa e libertadora, ao mesmo tempo.
MC: Estou feliz por ter escutado dessa maneira, pois essa letra foi muito importante para mim. Acho que outra letra que eu gostaria de juntar a essa seria “para sempre e sempre, nunca mais”. Porque acho que essa ideia de quando o pra sempre não se completa, você é uma fracassada. É muito injusto e cria uma vilã, além de fazer parecer que a culpa é só de uma pessoa. E eu não acho que exista culpa em “para sempre”, é só que, realisticamente, parece que, especialmente para mim, que evolui e muda tão rapidamente, ao menos que alguém acompanhe seu ritmo, o que é quase um pedido impossível, você precisa estar fora desse lugar cruel, mas ter uma aceitação de desconexão, o que eu acho que muitas praticas espirituais, eu faço yoga há um tempo e isso é um caminho na yoga, sobre desconexão. Ter a habilidade de estar na sua e deixar tudo para trás e colocar um alfinete nisso e compartimentalização, então acho que é sobre compartimentalizar isso e é meio que injusto que uma criancinha seja ensinada a dizer que alguém é seu melhor amigo para sempre.
P: Sim.
MC: Sabe? Aos três anos, eu não sei se consigo determinar “para sempre”, entende?
P: E as pessoas mudam, não é mesmo?
MC: As pessoas mudam, você não vai se tornar o que a outra pessoa será, e está tudo bem, não existe fracasso nisso.
P: Você se sentiu melhor depois de escrever essa música, extravasando tudo?
MC: Eu definitivamente me sentir melhor num jeito de que você quer se sua arte seja de benefício para si mesma e para outras pessoas que estejam escutando, e eu tentei não lançar algo só porque meus fãs querem música nova, eu quis ser relevante, necessária. Acho que se você não for necessária, não se conecta, entende? As pessoas precisam disso. Eles não só precisavam de música nova, mas também de preencher algo. Sinto como se minha vida houvesse sido muito tipo “a à c”, e não acho que as pessoas sabiam porque paramos aqui. E eu quis preencher o que aconteceu nesse “b”, no qual acho que é uma ponte. Minha vida foi muito rápida, e eu vi num certo momento que eu estava num termino publico, perdendo minha casa num incêndio, e isso foi muito rápido e foi traumático para mim, então eu acho que meio que precisava desse momento de autorreflexão e consegui escrever sobre isso, de maneira articulada e poética, de modo que eu não sentisse como se eu estivesse me desculpando ou justificando, mas apenas conectando os pontos, pois entender é tudo. Eu acho que muita gente na maioria das vezes pulam para a conclusão, antes de entender e entender é o mais importante.
P: Verdade. E você mencionou direção, você dirigiu o vídeo de ‘Midnight Sky’?
MC: Isso. Você iria amar essa experiência. Eu basicamente entrei num set com alguns homens que pensaram que me ensinariam por eu não saber o que eu estava fazendo, eu tenho assistido pelo outro lado da câmera nos últimos 15 anos, ao crescer num programa de TV, os diretores permitiam que eu ficasse depois da hora. Eu me lembro de uma vez no set da Hannah que eu pedi para ficar e me apresentar para cada operador de câmera, e entender como as câmeras funcionavam, as luzes usadas, a parte técnica, como muita gente da minha idade, 27 anos, ganhou esses conhecimentos na universidade, ou fazendo estágio para alguém. Eu estava tipo “estou entrando nos meus 30, o que eu quero fazer com a minha vida, o que eu vou fazer com essas habilidades?”, então ser escritora e diretora era algo que eu gostaria de fazer, quis fazer filmes, mas uma tentativa legal foi um vídeo de 3 minutos e 30 segundos, sem papéis, sem outros atores para eu dizer que não sabiam o que estavam fazendo, então foi um exercício muito bom para eu saber a real distancia que eu estava desse objetivo.
P: O vídeo será lançado junto com o single?
MC: 14 de agosto, a música e o clipe. Meus visuais meio que guiam minhas músicas e colocam todos num ambiente, e uma coisa que eu gostaria de dizer, liricamente, quando falamos sobre “o céu da meia-noite é a rodovia que vou seguir, cabeça nas nuvens”, eu acho que agora é um tempo que ninguém de nós quer colocar a cabeça nas nuvens, queremos ser muito alerta, atentos e presentes, mas, por três minutos de uma música, acho que é saudável permitir a si mesmo ter o bom e velho escape de entretenimento, então estou sentindo falta disso, acho que qualquer coisa que eu faça esse ano, será prioridade dar a todos esse escape.
P: Então isso quer dizer que vamos ganhar mais músicas novas?
MC: Sim, acredito que sim. “Não posso morder o diabo na minha língua”, sempre acabo dizendo o que eu não deveria, mas sim, acho que vou lançar mais algumas músicas esse ano.
P: Ótimo! E uma última coisa, Miley. Você tem uma mensagem para seus fãs assistindo isso agora?
MC: Eu quero dizer a todos que estão ouvindo isso e trabalhando na linha de frente, vocês tem minha maior admiração e gratidão. Por conta desses esforços, esperançosamente, eu poderei estar na presença dos meus fãs em breve. Eu adoraria que estivemos amontoados, ouvindo esse álbum, me apresentando para vocês. Então, por causa desse pessoal trabalhando pesado, nós poderemos estar aproveitando juntos.
P: Ter essa conexão real.
MC: Eu sei, estou implorando por isso, com certeza.
P: Bem, Miley, muito obrigado pelo seu tempo, eu adorei conversa com você. Você parece estar num ótimo lugar e achei isso muito iluminado.
MC: Muito obrigada, eu também adorei.
P: Se cuida.

Você pode conferir outras entrevistas recentes de Miley traduzidas clicando aqui!


Publicada por: Elton Junior

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