24.10.2021

Na última quarta-feira (20), saiu a entrevista que Miley concedeu para Lars Ulrick da Interview Magazine, e além de fotos icônicas também vieram várias declarações inéditas.

“Sim, eu realmente sou uma estrela do rock”. Em 2007 Hannah Montana tentou nos dizer quem Miley Cyrus realmente era. Quatorze anos depois, Cyrus cumpriu a profecia de seu alter ego. Depois de passar seus instintos naturalmente pop por filtros de hip-hop, country e psicodélico, Cyrus alcançou, aos 28 anos, sua forma final, uma estrela do rock que não se importa com nada, abençoada com um instrumento mais poderoso que a guitarra mais pesada: sua voz. E se seu último álbum, Plastic Hearts, deixou qualquer dúvida sobre suas intenções no rock, então seu cover de “Nothing Else Matters” do Metallica, que ela apresenta no álbum tributo The Metallica Blacklist, é prova de que nesse ponto de sua carreira, Cyrus, como ela diz para o baterista do Metallica, Lars Ulrich, sabe exatamente quem ela é.

MILEY CYRUS: Olá, meu amigo Lars. Como você está?

LARS ULRICH: Oi, minha amiga Miley. Quer saber? Estou ótimo. Estou em São Francisco. O sol está brilhando. É um bom dia para se estar vivo. 

CYRUS: É isso que eu gosto de ouvir. Me sinto da mesma forma. Acho que vou te ver pessoalmente em breve. Fizemos toda essa colaboração a distância, estou animada para estarmos no mesmo lugar juntos. Estou na temporada de festivais agora, então me apresentando para seres humanos. 

ULRICH: Vamos te ver no BottleRock em, o que, duas semanas?

CYRUS: Estou esperando por isso.

ULRICH: Vai ser um bom fim de semana com você, Guns ‘n Roses e Foo Fighters. Fica a 30 minutos de onde moramos, então estaremos lá animados e prontos para passarmos um tempo juntos.

CYRUS: Eu acabei de tocar o Lollapalooza. Antes disso eu estava dividida. Eu não sabia se seria como andar de bicicleta, que você continua de onde parou como se nada tivesse mudado, ou se seria completamente novo e eu me apaixonaria novamente e me lembraria do porquê faço isso. No final, foi um pouco das duas coisas. 

ULRICH: É um ótimo palco para se apresentar. Você tem todo o horizonte de Chicago e 100,000 pessoas. Tem um ano e meio que você não se apresenta?

CYRUS: Sim. Nessas temporadas de festivais você quase perde a sensibilidade da energia e do impacto de tantas almas preenchendo o mesmo espaço.

ULRICH: Você não fez nenhum aquecimento ou shows em clubes para se preparar pro Lollapalooza? Você só subiu naquele palco depois de um ano e meio?

CYRUS: Praticamente isso. Eu sou uma extremista desse jeito.

ULRICH: Isso é louco pra caralho.

CYRUS: Foi como pular de um avião na frente de 100,000 pessoas. Isso traz de volta aquele medo, ou talvez ansiedade, o que eu não sentia faz um tempo. Mas isso me lembrou, mais uma vez, de como tudo isso é apagado quando você se apresenta. O julgamento é tão menor em um cenário de música ao vivo do que em qualquer outro lugar naquele momento.

ULRICH: Principalmente em um momento como esse. Todos nós passamos pelos 18 meses mais loucos da nossa vida. Obviamente, muitas pessoas passaram por merdas muito piores do que eu e você, mas tenho certeza que você sentiu a energia fluindo naquela multidão. Deve ter sido um momento lindo.

CYRUS: Na verdade me fez pensar em todas as incríveis filmagens e fotografias da Marilyn Monroe se apresentando para as tropas. Não conseguia parar de pensar naquela imagem icônica dela, trazendo esperança para as pessoas na forma de sexualidade e inteligência e beleza e alegria. Mas ao mesmo tempo, ela foi capaz de oferecer isso porque estava isolada da experiência que os soldados estavam vivendo. Ela era esse ar fresco porque ela não tinha a mesma escuridão e dor e morte consumindo sua aura. Mas nesse caso, todos nós fomos soldados à nossa maneira. Claro que, como você disse, você e eu não tivemos a mesma experiência pandêmica que a maioria da população porque nossos santuários e casas são verdadeiramente seguros. 

ULRICH: Exatamente, mas mesmo assim, todos nós estivemos nas trincheiras. Como se sentiu quando subiu naquele palco?

CYRUS: Estranhamente, uma paz me preencheu. Depois do caos do ano passado, foi quase como, “É isso? É isso que eu vou sentir?”

ULRICH: Engraçado você dizer isso porque nós vamos voltar para as trincheiras em breve. E, claro, é um mundo novo lá fora. Estamos conversando com o nosso time sobre protocolos de COVID e parece que o lugar mais seguro e tranquilo de se estar agora é o palco. O telefone não toca, ninguém pode te incomodar. Você está sozinho lá em cima. 

CYRUS: Sem política, sem notícias, sem dor.

ULRICH: Exatamente. Você deixa toda a merda para trás quando sobe no palco. É o melhor sentimento. Falando em festivais icônicos, você esteve no Glastonbury em 2019 e nós também. Eu perdi sua apresentação, mas eu sei que você cantou “Nothing Else Matters” pela primeira vez. O que levou essa música para Glastonbury?

CYRUS: Eu tenho dois cadernos que levo onde quer que eu vá. Um deles é preenchido com minha moral, meus valores, meu propósito, meu potencial, minhas capacidades e meus compromissos – com os outros e comigo mesma. Estou escrevendo coisas nele constantemente. Recentemente, eu escrevi algo muito sábio que eu ouvi, que tem relação com a sua pergunta. Era sobre como as letras são o aspecto mais ressonantes de uma canção, e sobre por que uma audiência se conecta com uma canção. Tem a ver com as palavras, e desafiar essa noção é a mesma coisa de dizer que não existe diferença entre um relâmpago e uma vaga-lume. Mas existe uma grande diferença. Quando eu penso no sentimento por trás de “Nothing Else Matters”, se alinha completamente com meus valores e moral. Quando eu escutei “Nothing Else Matters”, e eu sabia que estava confirmada no Glastonbury – eu até me arrepio falando disso – foi a única música que eu consegui me imaginar cantando.

ULRICH: Estou arrepiado ouvindo isso. Nós fomos lá pela primeira vez em 2014, e você conhece a imprensa inglesa – eles podem ser muito preciosos e protetores das suas instituições. E lá vem essa banda de rock americana barulhenta tocando no Glastonbury, que é algo icônico para a maioria dos britânicos. Mas nós trouxemos o espírito de união. E nós acabamos passando o fim de semana inteiro andando pelo festival. Eu nunca me aventuraria a andar pela maioria dos festivais.

CYRUS: Mas no Glastonbury você se sente seguro.

ULRICH: Exato. Você não se sente com medo ou sobrecarregado, ou se pergunta “Por que estou aqui?”. É uma fazenda de família, não tem energia de corporação. É essa coisa pura em que toda a Inglaterra se une por um final de semana. Nós nos apaixonamos.

CYRUS: Isso se liga com algo que me marcou no álbum Blacklist. Não existe julgamento sobre os artistas que estão no álbum. Vocês trouxeram Elton John, Yo Yo Ma, eu, e parece que ninguém foi excluído dessa festa. A porta está aberta. É quase como se tivéssemos passado o último ano vivendo em múltiplas dimensões em que experienciamos mais divisão, mas também mais união. Ao mesmo tempo que você está vendo a divisão, está vendo a cola. Estamos unindo as pessoas e somos mais fortes juntos. A solidão é especial, mas a união é poderosa. 

ULRICH: Não há nada melhor do que saber que outras pessoas estão passando pela mesma experiência, em certo nível. O desejo humano mais básico é não se sentir sozinho. 

CYRUS: Esse mosaico eclético de colaborações a que demos vida é um reflexo disso. É tipo, “Foda-se a divisão”. Você ter escutado o meu cover de “Nothing Else Matters” é um exemplo disso – você não julga quem eu fui, o que eu fiz, ou como as pessoas me veem. E me deixarem fazer o cover de “Nothing Else Matters” no álbum é como se vocês validassem a minha relação com essa música. Parece que foi escrita para mim, e foi algo que eu consegui fazer ser meu. E agora meus fãs também tem uma conexão com a música. Foi a mesma coisa que aconteceu quando eu fiz o cover de “Jolene”. É outra música perfeita.

ULRICH: Certo.

CYRUS: O que eu amo sobre esse processo é que faz meus fãs ficarem, “Caralho, Metallica?” Você abriu essa porta para eles.

ULRICH: Posso me identificar com tudo o que você está dizendo, porque começamos como uma banda cover. Quando começamos a tocar em L.A. no início dos anos 80, não fazíamos nada além de covers obscuros. Não tocamos as músicas de Van Halen e Journey e Kiss, tocamos um monte de músicas underground britânicas legais. Dessa setlist veio nosso próprio som. Não tínhamos paciência para selecionar nossa vibe, só queríamos sair e tocar. Jogar o material de outras pessoas e reinterpretá-lo – com respeito, obviamente, à visão original – é muito libertador. Você não precisa ser tão precioso sobre onde colocar o refrão duplo ou se deve ir para a ponte antes ou depois do solo. Todas essas coisas que você enlouquece em suas próprias canções simplesmente derretem.

CYRUS: Absolutamente. 

ULRICH: É incrível olhar para esta lista de 53 artistas que se reuniram e dedicaram um tempo para gravar todas essas músicas. Existem todas essas versões de “Nothing Else Matters” por diferentes artistas. Ouvir a música filtrada pelas vozes, abordagens e visões de todos é uma coisa incrível. Nós sabemos que estamos por aí há um tempo. Certamente podemos sentir isso em nossos corpos, mas ao mesmo tempo, nosso espírito é jovem. E nosso espírito está sempre voltado para o próximo álbum.

CYRUS: Sim.

ULRICH: Então, quando a imprensa e os fãs são gentis e respeitosos o suficiente para dizer, “Oh, este é o clássico Metallica” ou, “Estamos celebrando o 30º aniversário deste álbum”, nós sentamos lá como, “Puta merda. Ainda achamos que todos os nossos melhores anos estão à nossa frente.” Quando as pessoas me perguntam: “Qual é o seu álbum favorito do Metallica?” Eu digo: “O próximo”.

CYRUS: Concordo.

ULRICH: Esse é o espírito que nos mantém jovens e famintos. É por isso que estou tão grato pelo que você fez, por toda a equipe que se reuniu neste projeto. Quer dizer, ouvir Elton tocar a introdução –

CYRUS: É a coisa mais legal pra caralho! 

ULRICH: E aí temos Yo-Yo Ma.

CYRUS: Eu senti arrepios. 

ULRICH: Cada vez que ouço, fico arrepiado. Como você sabe, Andrew Scheps, (engenheiro de mixagem do Metallica), tem muita energia juvenil. Ele me mandava uma mensagem a cada três dias e dizia: “Você não entende o que está acontecendo aqui. Essa coisa é uma loucura. Elton acabou de fazer isso. Miley está levando os vocais para um lugar totalmente novo.” Eu li esses textos com o maior sorriso no meu rosto. Normalmente gravamos uma música antes de tocá-la ao vivo, mas você fez um cover dessa música antes de entrar no estúdio para gravá-la. Houve algo diferente que saiu disso porque já estava em seu repertório ao vivo?

CYRUS: Mais do que isso, estava embutido na minha alma. É assim que me relacionei com essa música. Eu não cortei qualquer vocal. Essa música significa algo para mim no nível mais profundo. O que é engraçado sobre esse processo de gravação é que eu cortei o vocal em um lugar que era o oposto de onde eu cortei na primeira vez que cantei (ao vivo). Gravei em casa, no meio de uma pandemia global de merda, porque não pude sair de casa.

ULRICH: Onde?

CYRUS: Eu estava no meu estúdio e foi uma experiência completamente diferente interpretar a música daquela forma solitária. Não foi menos comovente do que tocar em Glastonbury – pelo menos, foi mais poderoso. A letra realmente ressoou. Não havia nada que eu não pudesse tentar, porque não estava na frente de 250.000 pessoas. Eu estava neste lugar seguro. Já falamos sobre a sorte que temos de ter isso. Eu me prendi, em algum nível, à melodia. Eu até desci algumas dessas oitavas, porque cantar aqueles vocais super-baixos é muito satisfatório. Minha vida inteira, seja no treinamento vocal ou apenas continuando a aprimorar meu ofício, sempre foi sobre: ​​”Por que você parece um homem? Cadê a porra do seu falsete, vadia? Por que você não consegue mais cantar a oitava alta de ‘Party in the U.S.A.?” Nessa música, posso cantar naquele registro grave e viver naquele som autêntico e genuíno. Minha voz é como eu me represento. É como eu me expresso. Eu trabalhei com tantas pessoas que me dizem: “Vamos ter que trazer um cantor para atingir essas partes altas”. Você sabe, “falsete” é um termo latino para quando um menino passa pela puberdade, mas eles ainda querem que ele cante no coro. Significa “falso”.

ULRICH: Certo.

CYRUS: Eu não tenho uma voz falsa. Você me conhece pessoalmente, nós saímos em festas. Eu sou quem eu sou. Eu digo o que quero dizer no momento, mesmo que isso mude amanhã. Fiquei honrada pelo fato de não ter que cantar essa música da maneira que as mulheres “deveriam” cantar. Você pode ouvir isso no final da música, quando eu tiro as luvas e apenas começo a voar. Essa parte da música realmente chama a atenção das pessoas. É aquele registro mais baixo da minha voz. Então, eu sou grata por ter uma música onde eu possa fazer isso.

ULRICH: Bem, isso é louco pra caralho. Mal posso esperar para experimentar de novo um dia. A última vez que te vi, você estava se apresentando no tributo a Chris Cornell em Los Angeles, tipo, há dois anos?

CYRUS: Sim.

ULRICH: Você obviamente arrasou pra caralho naquela noite com “Say Hello 2 Heaven.”

CYRUS: Você arrasou também. Eu fui embora logo após ter visto vocês, porque eram vocês que eu estava esperando para ver. Aquela noite teve o mesmo espírito que você descreveu sobre Glastonbury. Eu tinha um tipo de conexão com as filhas de Chris. Eles vieram ao set de Hannah Montana há muito tempo atrás, e elas apresentaram ele a mim e a minha música. Aquele foi um momento especial na relação delas com seu pai. Eu estava lá porque eles sabiam que isso deixaria as filhas dele felizes se eu fizesse esse tributo ao pai delas. E, novamente, ter a oportunidade de fazer parte daquele lindo memorial, e tocar a música dele sem ser julgada, foi muito especial pra mim. Eu acabei de tocar “Say Hello 2 Heaven” no Lollapalooza. Eu tenho uma banda do caralho. Chris Chaney, de Jane’s Addiction está nela.

ULRICH: Acho que estávamos indo embora todos ao mesmo tempo, porque quando estávamos esperando no aeroporto de Bristol, toda a sua banda estava lá. Lembro-me de Chris e do resto da gangue. Eu sei que você tem esse grupo louco que joga com você há muito tempo.

CYRUS: É isso ai. 

ULRICH: É tão legal ver que você tem uma família que pode contar. Não são apenas um monte de caras sem rosto.

CYRUS: Eles são a minha família quando estou na estrada. Eles passaram por tudo comigo. Cara, isso vai te deixar louco – minha banda tem sido a minha banda desde os meus 12 anos de idade. 

ULRICH: Isso é louco.

CYRUS: Estou prestes a fazer 29 anos. Nós passamos por tanta coisa juntos. Quando nós estamos na estrada, conversamos sobre a solidão. Realmente pode se tornar solitário. Eu tenho um sistema de apoio muito grande neles. Eu amo ter esses caras rockeiros e autênticos na minha banda. Nós até revisitamos algumas músicas que eu escrevi antes de ser capaz de fazer esse grande pivô sonoro em minha carreira, antes de descobrir o Rock and Roll. Agora, nós fazemos covers das minhas próprias músicas. Pegamos minhas músicas originais e as viramos de cabeça para baixo, e arrebentamos com elas.

ULRICH: É a melhor coisa. 

CYRUS: Não consigo te agradecer o suficiente por me colocar no álbum, em “Nothing Else Matters”, e fazer essa ligação maluca de hoje. Eu agradeço muito! 

ULRICH: Sem problema. Te vejo no Bottlerock.

Tradução & Adaptação: Adalgiza Fernandes e Thayná Araújo
Equipe Miley Cyrus Brasil

Fonte


Publicada por: Izadora Vasconcelos

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