Matéria: Paper Magazine
Tradução: Henrique Silveira; Matheus Araújo – Equipe Miley Cyrus Brasil
Miley Cyrus está no meio de um discurso acalorado sobre os direitos dos animais, e ela está ficando tão animada sobre isso que as maçãs do rosto estão espetando o teclado do telefone, marcando a nossa conversa com sinais sonoros errantes. Ela está fazendo uma ligação do “meio da selva” – ou, mais especificamente, uma pequena ilha no Caribe, onde ela está de férias com sua família. “Se você pudesse ver onde eu estou, agora, você estaria rindo tanto”, diz ela. “Eu sinto como se estivesse no meio do Triângulo das Bermudas, e algo está prestes a me atingir no nada.”
Cyrus quase que imediatamente começa a falar sobre como ela decidiu se tornar uma vegetariana no ano passado. Ela estava em turnê pelo mundo com seu álbum de sucesso lançado em 2013 “Bangerz“, quando o seu amado cão, Floyd, um Alaskan Klee Kai, foi atacado por um coiote. Ela parou de consumir produtos animais quase que imediatamente. Ela não falou muito sobre a mudança, mas ela diz que ela está finalmente pronta para ser responsabilizada – por ser um exemplo.
Acontece que Cyrus está profundamente interessada na prestação de contas. Aos 22 anos, ela é talvez a ativista mais improvável de sua geração social, e também uma das seus mais poderosas. Agora ela está aproveitando essa influência para combater o que ela vê como uma realidade inaceitável: os jovens sendo perseguidos e expulsos de casa por sua sexualidade. Inspirada, em parte, pela morte de Leelah Alcorn, uma garota transgênero que cometeu suicídio no final de 2014 depois de ser forçada a submeter-se a uma “terapia de conversão“, Cyrus anunciou recentemente a Fundação Happy Hippie, um empreendimento filantrópico projetado para levantar fundos e paraa sensibilizar as pessoas para a causa de jovens sem-teto e LGBT. “Não podemos continuar a notar as coisas quando já é tarde demais“, diz ela.
No verão passado, quando “Wrecking Ball” lhe rendeu um VMA de Vídeo do Ano, Cyrus enviou o jovem Jesse Helt de 22 anos – um dos cerca de 114.000 jovens que vivem atualmente nas ruas da Califórnia – no palco até o prêmio. Um ano havia se passado desde que ela usou um biquíni de látex cor da pele e simulado uma relação sexual com um dedão de espuma enquanto Robin Thicke sorria por trás de suas nádegas. Sua performance em 2014 foi menos eufórica, mas significativamente mais sincera. Jesse, enquanto lia um pequeno pedaço de papel, contou sua situação. Quando a câmera cortou para Cyrus na platéia, usando um conjunto de couro preto, seus olhos estavam brilhando, chorando. “Eu me senti como se estivesse assistindo ao discurso moderno de ‘I Have A Dream’, de Martin Luther King, e não tinha nada a ver comigo“, diz ela.
Happy Happie é projetado para combater o que Cyrus chama de “politicagem imoral”, do tipo que coloca valores atípicos e favorece o status quo arcaico. A fundação trata crianças em risco com arte e terapia para os animais. Embora ela tenha sido criada cristã, Cyrus mantém um desprezo particular pelos legisladores fundamentalistas que protestam contra esse tipo de coisa capaz de salvar vidas. “Essas pessoas não devem fazer nossas leis“, diz ela sobre aquelas pessoas que acreditavam que a Arca de Noé foi uma embarcação real. “Isso é uma loucura da porra. Temos superado tantos contos de fadas, como se não tivéssemos superado a fada do dente e o papai noel“.
Eventualmente, ela diz, o problema de falta de moradia tornou-se impossível de ela ignorar. “Eu não posso dirigir a porra do meu Porsche e não fazer porra nenhuma“, diz ela. “Eu vejo isso todos os dias, as pessoas em seus Bentleys e seus Rolls e seus Ubers. Essas pessoas dormindo na rua como animais, essas mulheres estupradas“. Ela fez uma pausa. “Eu estava fazendo um show há duas noites, e eu estava usando tampões no peito de borboletas e asas de borboletas. Eu estava lá de pé com meus peitos para fora, vestida como uma borboleta. Como eu sou tão sortuda?”
Ela diz que chegou a considerar sua própria sexualidade. “Eu sou literalmente aberta para qualquer tipo de coisa que não envolva animais e pessoas menores de idade. Tudo isso é legal, eu sou de boa com isso. Eu não me relaciono por ser menino ou menina, e eu não tenho que ter minha companhia menino ou menina“. Ela diz que teve relacionamentos com mulheres tão sérios quanto com Liam Hemsworth, Patrick Schwarzenegger e Nick Jonas. “Eu realmente tive isso, mas as pessoas nunca conheceram, eu não trouxe aos holofotes“.
Ela se lembra de confessar para sua mãe, aos 14 anos, que tinha sentimentos românticos em relação às mulheres. “Eu lembro de ter dito a ela que eu admiro as mulheres de uma forma diferente. E ela me perguntou o que aquilo significava. E eu disse que as amava. Eu as amo como amo os meninos“, diz ela. “E era tão difícil para ela entender. Ela não queria que eu fosse julgada e ela não quer que eu vá para o inferno. Mas ela acredita em mim mais do que ela acredita em qualquer Deus. Eu só pedi para ela me aceitar, e ela aceitou“.
Para seu próximo álbum, ela está avançando com seus próprios termos, indo para lados diferentes, conhecendo coisas novas. “As pessoas dizem para mim ‘Não faça algo muito estranho, você não pode ir de Miley para Björk!’“. Ela está gravando a todo instante em um estúdio recém-construído ao lado de fora da sua garagem em Los Angeles. “Eu não tenho que ter escritores, eu não tenho que ter produtores lá. Mike Will me envia uma batida e eu vou para o estúdio trabalhar nela“. Ela diz que tem ouvido Flaming Lips “quase exclusivamente”. (Wayne Coyne vocalista dos Lips, a quem ela chama de “o ser humano mais próximo da minha vida“, é um colaborador recente). Também tem um pouco de Gucci Mane. Um pouco de Waylon.
Para Cyrus, é menos sobre renunciar seu passado do que imaginar um futuro novo selvagem, aquele em que as pessoas são livres para reverter as expectativas e viver qualquer tipo de vida que pareça verdadeiro para elas. Ela permanece agradavelmente consciente, entretanto, de tudo o que resta para ela aprender. Isso pode soar banal, talvez, mas é anômala entre as pessoas para quem todos os significados tradicionais do sucesso (fama, bajulação e lucro) foram realizados.
Eu acredito quando ela diz que é a pessoa menos julgadora de todas. “Contanto que você não esteja prejudicando ninguém, suas escolhas são suas escolhas“.
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