A cantora de “Midnight Sky” aborda de tudo, de Nico à Britney Spears, em um set curto, doce e hipnotizante.

Miley Cyrus está passando por um tipo de viral diferente do passado. Graças à série de covers que ela fez no The Tonight Show, iHeartRadio Festival, BBC Radio 1 lounge e todos os outros programas em que apareceu nos últimos meses. Variando de Blondie à Billie Eilish, os covers de Cyrus provam um ponto que já conhecemos: ela é uma vocalista poderosa que domina uma classe única fora de qualquer coisa que seus colegas estejam fazendo.

A última vez que Cyrus impressionou seus fãs – e especialmente os céticos – com sua voz rouca em canções clássicas foi em 2012 e novamente em 2015 para o seu Backyard Sessions. Ambas as séries foram em benefício de sua Happy Hippie Foundation e contaram com uma série de convidados que iam de Against Me! ‘S Laura Jane Grace à Ariana Grande. Backyard Sessions está de volta, desta vez apresentado pelo programa Unplugged da MTV, segunda vez de Cyrus no programa. É perfeito para esses tempos de quarentena, ocorrendo sob as palmeiras da Califórnia, Cyrus estava acompanhada de sua banda mascarada “the Social Distancers”.

Com um rock glamuroso e libertador como em seu novo single “Midnight Sky” Cyrus entrega uma produção despojada e cheia de brilho: mullet platinado, batom vermelho e estampas exageradas de animais. Ela começa o show com uma versão mais enraizada de “Gimme More” de Britney Spears, uma versão do clássico eletro-pop que pareceria enigmático e insincero por qualquer pessoa que não fosse Cyrus, uma grande admiradora de Spears. O resto de seu set de 30 minutos é uma homenagem a seus heróis fora do pop, como estudante da história da música, Miley opta por cortes mais profundos no restante da musica. Na escolha do Pearl Jam, ela vai para o hit mais recente da banda, a sonhadora e lenta “Just Breathe”, que ela canta com mais vida do que até mesmo Eddie Vedder no original. Ela canaliza Lou Reed do Cowboy Junkies na suave “Sweet Jane”, habilmente abrindo caminhos na frieza aguda de ambas versões. “Her tale on the Cardigans” a faixa dos sonhos em 2003 “Communication” fazem um forte som no palco com a volta de um sample dançante mas devagar.

O final do show volta para 2020: Ela se juntou com sua irmã mais nova Noah Cyrus para cantar a balada country de Noah “I Got So High That I Saw Jesus”. A irmãs entram em harmonia enquanto a Cyrus mais velha observa orgulhosa. O show termina apropriadamente com “Midnight Sky”, o sample de Stevie Nicks que é a razão pela qual Cyrus entrou neste ciclo promocional cheio de covers. A única parte desagradável do show é que ela nos deixa sem reação ao final, famintos por mais do que ela está preparando para sua era atual. Para a sorte dela, esse é o melhor resultado possível de um ciclo construído em torno de cantar músicas de outras pessoas.

Cyrus em cada escolha mostra sua marca podendo fazer uma música de qualquer época soar, as escolhas parecem unicamente conectadas por algumas reflexões mais profundas que ela compartilhou em recentes entrevistas: Reflexões sobre a alta exposição de seu divórcio com seu namorado da adolescência e tendo passado a maior parte da sua vida sob os holofotes. Quando ela canta “Communication” — que começa com “Há 27 anos eu venho tentando / Acreditar e confiar em / Pessoas diferentes que encontrei” — não é difícil conectar com os sentimentos da pop star de 28 anos.

O cover mais humilde — e impressionante — também é o mais antigo: a versão de “These Days” da Nico, de Jackson Browne. Cyrus parece tão cansada do mundo quanto Nico e Browne pareciam em 1967, mas seu sorriso malicioso enquanto cantava “I won’t do too much scheming these days” indica menos tristeza do que deveriamos esperar. Hoje em dia, ao que parece, ela encontrou uma maneira de fazer com que sua natureza rebelde trabalhe a seu favor e não contra ela — e está valendo a pena.

Matéria: Rolling Stone

Tradução e adaptação: Miley Cyrus Brasil